A Operação Cordilheira multou em mais de R$ 2,8 bilhões um produtor rural em Mato Grosso – maior sanção administrativa já registrada pela Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema). A segunda fase resultou no cumprimento de ordens judiciais de arresto, sequestro e indisponibilidade de bens referentes ao desmate químico em uma área de mais de 80 mil hectares de 11 propriedades no Pantanal.
Segundo a polícia civil, a conduta investigada resultou na mortandade de espécies arbóreas mediante o uso irregular e reiterado de 25 tipos de defensivos agrícolas em área de vegetação nativa. A aplicação dos produtos se deu por via aérea, o que agravou ainda mais a situação.
As investigações foram iniciadas em 2022, após denúncia de que uma propriedade rural, localizada no município de Barão de Melgaço, estava utilizando defensivos agrícolas na região do Pantanal com a finalidade de promover a limpeza de vegetação nativa, denominado "desmate químico".
A área abrangida pelo despejo criminoso para desmatamento químico está compreendida em 81.223,7532 hectares dos imóveis rurais de propriedade do investigado, integralmente inseridos no bioma Pantanal.
O trabalho foi realizado pela Polícia Civil do estado, por meio da Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema), entre os dias 8 e 12 de abril. Além do órgão ambiental, a operação contou com o apoio do Ministério Público Estadual (MPE), da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea-MT).
O custo da reparação dos danos ambientais, somado ao valor das multas cominadas pelo órgão ambiental, aponta o prejuízo ao infrator de mais de R$ 5,2 bilhões.
O Pantanal, por se tratar de área alagada, possibilita que as substâncias químicas sejam conduzidas pelas águas e atinjam a fauna, a ictiofauna e até mesmo os seres humanos, com a contaminação dos rios.
Para a delegada titular da Dema, Liliane Mutura, a investigação policial se tornou uma das mais importantes e emblemáticas da história da defesa do meio ambiente em Mato Grosso e até mesmo do Brasil.
"As ações de repressão às condutas se tornaram não somente imprescindíveis, mas, sobretudo, urgentes, uma vez que o uso de herbicidas e, principalmente, a pulverização aérea contamina a água, os peixes e o gado que é criado no pasto, trazendo risco à saúde humana e comprometendo a sobrevivências dessas comunidades", disse.
A análise de dados fiscais realizados pelo Núcleo de Inteligência da Dema consignou que, no período de 1º de fevereiro de 2021 a 8 de fevereiro de 2022, foram adquiridos defensivos agrícolas de várias distribuidoras, destinados à propriedade investigada. Somados, os insumos totalizam mais de R$ 9,5 milhões.
Nas buscas realizadas em março de 2023, foram encontradas diversas embalagens dos produtos químicos e defensivos, confirmando a autoria e causa entre o desfolhamento das espécies nas áreas das propriedades rurais do investigado e o emprego de substâncias químicas hábeis a ocasionar o dano ambiental registrado.
As amostras coletadas na vegetação e nos sedimentos detectaram a presença de quatro herbicidas: Imazamox; picloram; 2,4-D e fluroxipir.
Conforme a secretária da Sema, Mauren Lazzaretti, esse caso mostra como os infratores estão diversificando o modus operandi e como Mato Grosso segue firme na atuação consistente de tolerância zero com quem insiste em promover o desmatamento ilegal.
"A política de tolerância zero contra os infratores tem sido levada a sério em Mato Grosso, mesmo quando percebemos claramente que os criminosos estão mudando a forma de agir. O estado continua investindo em tecnologia, equipamentos de ponta e fortalecimento da atuação de suas forças para responder com rigor, desaparelhando infratores e impondo o efeito pedagógico aos criminosos.", declarou.
Fonte: Canal Rural MT