Diariamente, cerca de 600 vagões de trem carregados saem de Mato Grosso rumo ao porto de Santos (SP). O modal ferroviário é tido hoje como um transporte ágil e sustentável, que ajuda a melhorar a competitividade da produção mato-grossense, uma vez que uma composição equivale a 261 caminhões bi-trens circulando no chamado "longo trecho" (longas distâncias).
Em Mato Grosso, o transporte ferroviário apresenta vantagens significativas em comparação com o rodoviário, como a redução das emissões de gases de efeito estufa e os custos de transporte. A eficiência da ferrovia como meio de transportar cargas está sendo uma das principais alternativas para movimentação de grandes volumes a longas distâncias.
Cada composição é formada por 120 vagões e consegue levar 11,5 mil toneladas de grãos, o que equivale a 261 caminhões bi-trens circulando entre Rondonópolis e o porto de Santos.
No terminal de grãos em Rondonópolis, o maior da América Latina, no pico da safra de soja chegam a circular dois mil caminhões por dia. Conforme o gerente de relações institucionais e governamentais da Rumo Logística, Rodrigo Verardino de Stéfani, do local partem diariamente de seis a sete trens sentido ao porto de Santos, carregando soja, milho, farelo, biocombustíveis, entre outros produtos do agro mato-grossense.
"A ferrovia, ela tem grandes polos concentradores de carga que são abastecidos pelo modal rodoviário, que fazem um raio médio de 300 a 350 quilômetros para poder drenar essa carga para esse polo concentrador", explica Rodrigo Verardino de Stéfani ao programa MT Sustentável, desta semana.
Mesmo utilizando locomotivas a óleo diesel, o modal ferroviário é seis vezes menos poluente do que o exclusivamente rodoviário. Segundo o diretor do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, o transporte ferroviário também possui outras vantagens. Dentre elas, a redução de custos.
"O modo ferroviário de transporte em Mato Grosso seria de fundamental importância, porque ele vai reduzir o custo do frete entre 25% e 30% e possibilitará que nós sejamos mais competitivos e que o produtor obtenha maior rentabilidade".
A comparação entre os modais ferroviário e rodoviário, é quase que inevitável. Contudo, o gerente de relações institucionais da Rumo Logística, alerta para um fato importante.
"A gente precisa desconstruir essa questão de rivalidade entre o modal rodoviário e ferroviário. Os modais não competem entre si, mas se complementam. A ferrovia nunca vai conseguir chegar na porta da fazenda, nunca vai conseguir chegar em todos os cerealistas. Ela não é um modal que nasceu para ter essa capilaridade", reforça Rodrigo Verardino de Stéfani.
Denis Rodrigo Amâncio trabalha há 25 anos com transporte e há 10 possui transportadora. Ele acompanhou a chegada a ferrovia em Rondonópolis e garante que os trilhos trouxeram melhorias para o setor rodoviário.
"Com a vinda da ferrovia muitas vezes pensamos que ela ia acabar com o transporte. Mas, não. Fez foi é melhorar. A gente diminuiu o nosso espaço de transporte e com isso conseguimos ter uma valorização melhor, principalmente no quilômetro rodado", comenta o transportador ao MT Sustentável.
Apesar das vantagens, Mato Grosso enfrenta um paradoxo. O estado é o maior produtor de grãos do país, mas possui a menor malha ferroviária. No entanto, investimentos no setor estão em ascensão. A previsão é que os trilhos cheguem à Lucas do Rio Verde até 2030.
Hoje, o estado conta com 40 quilômetros de trilhos em obra. Segundo o gerente de relações institucionais da Rumo Logística, Rodrigo Verardino de Stéfani, outros 40 quilômetros sendo movimentados e mais 40 quilômetros em fase de assinatura de contrato, além 40 quilômetros no mercado.
"Então, a gente está avançando sentido norte com essas empreitadas de infraestrutura. É um projeto ousado. O maior projeto ferroviário em curso no Brasil hoje, com capital 100% privado".
Fonte: Canal Rural MT