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Um relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial nesta terça-feira (27) destaca o potencial impressionante do Cerrado brasileiro para impulsionar a economia, projetando um valor entre US$ 47 a 72 bilhões por ano, além de benefícios climáticos e naturais. No entanto, esse potencial só será realizado se a produção e a proteção avançarem juntos.
O estudo intitulado "Cerrado: Produção e Proteção" foi conduzido pela Tropical Forest Alliance, uma iniciativa do Fórum Econômico Mundial. Baseado em análises dos dados do Plano de Transformação Ecológica do Brasil, elaborado pela empresa Systemiq, parceira na elaboração do relatório, o estudo propõe diversas soluções após realizar pesquisas abrangentes e entrevistas com especialistas brasileiros.
Segundo o relatório, as mudanças climáticas representam riscos sérios para a sociedade e os ecossistemas. Para limitar o aquecimento a 1,5°C, o mundo deve atingir emissões líquidas zero até 2050, com reduções de pelo menos 45% das emissões de gases de efeito estufa até 2030. Não há caminho para alcançar um futuro global de emissões zero líquidas e positivo para a natureza sem um "Brasil Verde".
A transição para um Brasil Verde e o cumprimento de suas metas de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) exigem ação em setores-chave que têm impactos desproporcionais sobre o clima e a natureza, incluindo a produção agrícola, onde o Brasil desempenha um papel de liderança. O Cerrado apresenta uma oportunidade única para fornecer benefícios positivos para o clima e a natureza, ao mesmo tempo em que tem um potencial econômico de US$ 47 a 72 bilhões.
Aproveitar esse potencial requer um caminho de convergência para promover o crescimento econômico sustentável, ao mesmo tempo em que protege e restaura o bioma do Cerrado. A colaboração entre setores público, privado e sociedade civil no Brasil e no mundo é fundamental para mobilizar recursos e promover ação no e para o Cerrado.
A complexidade do desafio à frente para uma agenda equilibrada de produção e proteção no Cerrado requer uma abordagem integrada, que envolva os principais interessados no Cerrado e priorize quatro áreas de ação:
1. Regulamentações e políticas: São necessárias políticas que aumentem o valor da vegetação nativa no Cerrado, sem prejudicar os níveis de produção no bioma. A vigilância da conversão deve aumentar, juntamente com penalidades para os infratores.
2. Financiamento para o desenvolvimento: Isso precisa ser reequilibrado, com um apoio aumentado para práticas sustentáveis e investimentos em estágios iniciais abrindo uma grande oportunidade para instituições multilaterais, além de atrair capital privado.
3. Transparência e padrões: Sistemas aprimorados de rastreabilidade, adoção de métricas de alta integridade e divulgação dos impactos ambientais são todos necessários para proporcionar uma maior transparência.
4. Investimento significativo em pesquisa e desenvolvimento: É necessário realizar pesquisas adaptadas às características e potencial de produção únicos do Cerrado, além de identificar o potencial de sequestro de carbono em seu solo e paisagem. A pesquisa também é necessária para identificar tecnologias disruptivas, desde técnicas incipientes de descarbonização, como o uso de biomassa na indústria química, até soluções maduras, como sistemas agroflorestais de pecuária.
agromais.com.br 27/02/2024
Fonte: Vida Rural MT