A Datagro Pecuária avaliou que a oferta de bovinos para abate no Brasil segue sustentada pela alta disponibilidade de fêmeas nesse início de ano, mas já dá sinais de um possível esgotamento para o segundo semestre do ano. Fevereiro registrou uma leve retração nos abates inspecionados federalmente (SIF), que representam por volta de 75% do abate inspecionado total, abatendo 2,28 milhões de cabeças e representando uma queda de 1,7% no comparativo anual (YoY). Apesar da pequena queda, o resultado ainda se manteve próximo das máximas históricas registradas para o mês no ano passado.
O levantamento preliminar da Datagro estima que 48,9% do total de bovinos abatidos em fevereiro foram fêmeas, flertando com as máximas históricas para o período e avançando em 1,2 p.p. em relação ao observado em fev/24. Apesar desse movimento, a redução no total de abates em relação ao mesmo período do ano anterior sugere que a disponibilidade de gado começa gradualmente a perder fôlego, um indício de que o esgotamento do rebanho pode ganhar corpo no restante do ano e de que a participação elevada de fêmeas nos abates pode não ser mais tão suficiente para viabilizar incrementos de oferta.
Para os próximos meses, espera-se que a oferta de bovinos siga em patamares historicamente elevados, sustentada pela necessidade de escoamento de fêmeas ainda presentes no mercado. No entanto, a tendência de queda no volume total de abates, aliada à participação de fêmeas ainda elevada, indica que o setor pode caminhar para um cenário de restrição mais evidente no segundo semestre. O clima favorável também tem potencial para impactar a dinâmica de reposição, uma vez que a melhora das pastagens tende a estimular a manutenção de fêmeas para reprodução, reduzindo gradualmente a oferta de animais para abate ao longo do ano.