Foto: Reprodução
O novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) chega nesta terça-feira, dia 11 de março, porém, sob expectativas limitadas do mercado. "Este deve ser um relatório 'xoxo', porque tivemos janeiro com bons ajustes, produtividade americana caiu; fevereiro teve alguma coisa de América do Sul, aí melhorou o clima na Argentina, então acho que o USDA não deve fazer nada de nada. Mas, o 'bicho pega' no final do mês quando vem a intenção de plantio", afirma o analista do complexo soja, Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Ele explica ainda que a tendência é de que, ao final de março, o mercado possa ver se confirmar os sinais trazidos no Outlook Forum, com uma área maior de milho e menor de soja, porém, com algumas situações a mais a serem consideradas.
"No geral, eu acho que a área americana não vai ser o número que o USDA trouxe para as cinco grandes culturas. A rentabilidade não é boa, falta mão de obra - estamos vendo a questão dos imigrantes e um número deles trabalhava nas fazendas dos EUA -, insumos mais caros, toda incerteza pela frente, e quando a incerteza americana pesa, geralmente, o produtor americano planta mais milho porque ele confia mais no mercado interno, na demanda interna, do que na soja, e com guerra comercial é ainda pior", detalha.
Os próximos passos do mercado serão entender o programa de exportações de ambas as culturas na safra 2025/26, a demanda interna e a produtividade da nova safra, considerando ainda as condições climáticas no Meio-Oeste norte-americano. "A real situação vamos conhecer a partir de julho, depois da primeira revisão da intenção de área - no final de junho - e depois as revisões na produtividade", complementa o analista.
A opinião do analista internacional Rhett Montgomey, do portal DTN The Progressive Farmer, é semelhante à de Vanin, porém, acrescenta que os dados que o USDA traz nesta terça-feira podem chegar como "um alívio bem vindo em meio ao roda moinho promovido pelas notícias sobre a guerra comercial que dominam os mercados há, pelo menos, duas semanas.
Montgomery acredita que as exportações norte-americanas também deverão atrair um pouco mais de atenção dos traders, em especial no caso do milho, uma vez que o atual cenário de oferta e demanda - tanto norte-americano, quanto global - permanece desequilibrado e ainda dando um suporte importante às cotações. O desbalanço entre a produção e o consumo vem alimentando altas fortes em diversos mercados, porém, a competitividade americana ainda se destaca, com bons números no programa de exportações dos Estados Unidos.
ESTOQUES FINAIS EUA
Milho - Assim, a média das expectativas do mercado para os estoques finais do milho é de 38,69 milhões de toneladas, ligeiramente menor do que o número de fevereiro, de 39,12 milhões. Os números variam de 35,94 a 41,4 milhões de toneladas. Na safra 2023/24, os estoques finais de milho dos EUA ficaram em 44,78 milhões.
Soja - Os estoques de soja também poderão sofrer um leve corte, saindo de 10,84 para 10,37 milhões de toneladas, com o intervalo esperado pelo mercado variando de 9,93 a 10,94 milhões de toneladas. Na safra anterior, os estoques finais da oleaginosa foram de 9,31 milhões de toneladas.
Trigo - Para o trigo, as projeções variam de 21,2 a 22,18 milhões de toneladas, com média em 21,66 milhões. Há um mês, os estoques vieram estimados em 21,61 milhões e, há um ano, em 18,94 milhões de toneladas.
ESTOQUES FINAIS MUNDO
Milho - Os estoques finais de milho são esperados entre 288 e 291,6 milhões de toneladas, com a média das expectativas em 290 milhões. No mês passado, o departamento estimou 290,3 milhões de toneladas do cereal. Na última safra, os estoques finais globais de milho ficaram em 315,8 milhões de toneladas.
Soja - As projeções para a soja oscilam de 122,2 a 125 milhões de toneladas, com média em 124,2 milhões. Confirmada, a média seria ligeiramente menor do que o número anterior, de 124,3 milhões de toneladas. Ainda assim, o estoque final de oleaginosa esperado para esta temporada é bem maior do que a anterior, de 112,5 milhões.
Trigo - O mercado espera ainda estoques finais mundiais de trigo entre 256 e 259,3 milhões de toneladas, com média de 257,2 milhões. Em fevereiro, o número trazido pelo USDA foi de 257,6 milhões e, há um ano, de 267,5 milhões de toneladas.
SAFRAS DA AMÉRICA DO SUL
Brasil - As expectativas para a safra de soja do Brasil são de que haja uma leve correção para cima, com a estimativa passando de 169 para 169,3 milhões de toneladas, em um intervalo de 168 a 171 milhões de toneladas. Para o milho, as projeções variam de 124 a 130,9 milhões de toneladas, com média de 126,2 milhões. No mês passado, o número estimado foi de 126 milhões.
Argentina - Já para a produção de soja da Argentina, o número poderia ser revisado de 49 para 48,6 milhões de toneladas, com os números esperados pelos traders variando de 47,5 a 49 milhões de toneladas. Sobre o milho, o mercado espera algo entre 47 e 50 milhões de toneladas, com média das expectativas em 48,6 milhões de toneladas.
Fonte: Notícias Agrícolas