Entre 2002 e 2021 – de acordo com dados do último PIB consolidado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Estado de Mato Grosso foi o estado brasileiro que obteve o maior crescimento de PIB (em valores correntes), cerca de 1.116,2%; o que é 2,2 vezes mais que o crescimento do Brasil neste mesmo período, que foi de aproximadamente 505,3%.
Na publicação especial do MT Econômico você vai acompanhar a análise de Sérgio Leal, analista de agronegócio que destaca a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso nos últimos 20 anos.
Maior produtor de grãos, algodão e gado bovino do Brasil, a dinâmica de seu PIB possui uma intrínseca relação com seu Agronegócio, cada vez mais diversificado e verticalizado, vetor da geração de renda e empregos e promotor do desenvolvimento de inóspitas regiões, que fazem parte de seu vastíssimo território de 90,32 milhões de hectares (903,2 mil Km²). O crescimento do Agronegócio contribuiu para o estado investir mais, especialmente em infraestrutura, nas regiões que antes não recebiam tais investimentos, estavam alijadas do processo produtivo e contributivo e são hoje as que mais crescem no estado.
O Estado de Mato Grosso possui, o 2º maior PIB per Capita do Brasil, atrás somente do Distrito Federal. Como se destaca no gráfico abaixo, 1/3 dos estados brasileiros possuem PIB per capita maior que a média do Brasil.
Deste modo, desconsiderando-se o Distrito Federal, que é um ponto extremamente fora da curva, observa-se que o Estado de Mato Grosso possui um PIB per capita cerca de 3,74 vezes superior ao do Estado do Maranhão, o pior colocado no ranking de PIB per Capita do Brasil.
Tendo suas economias dinamizadas pelo Agronegócio, as regiões Nordeste (Araguaia) e Norte (Nortão) são as que mais aumentaram seus PIB"s no estado, inclusive acima da média estadual de crescimento; o que não ocorreu com as demais regiões estaduais, que, apesar de obterem incremento superior ao do Brasil entre 2002 e 2021, não acompanharam a evolução da economia estadual, especialmente a Sudoeste e Centro Sul.
Como demonstrado nos cartogramas acima e nos gráficos abaixo, a região Centro Sul do Estado de Mato Grosso possuía o maior PIB estadual em 2002, contudo, com a expansão da tecnificação da produção agropecuária e da agroindustrialização, a riqueza do estado migrou do Centro Sul para a região Norte e está crescendo mais intensamente na região Nordeste (antigamente apelidada de Vale dos Esquecidos), que, com o Agronegócio se consolidando na região, já produz mais riquezas que a região Sudoeste.
Nos cartogramas abaixo se demonstra a evolução do PIB das 22 microrregiões do Estado de Mato Grosso. O maior crescimento ocorreu microrregião de Paranatinga, com um incremento de 3.029,9% entre 2002 e 2021, maior que o dobro do crescimento estadual neste mesmo período
A microrregião de Jauru apresentou o menor crescimento do estado, apenas 557% (2002/2021), que é aproximadamente a metade do aumento do PIB do Estado de Mato Grosso, mas, ainda assim, superior ao crescimento do Brasil.
Ressalta-se que, entre 2002 e 2021, a microrregião Paranatinga cresceu cerca de 5,4 vezes mais que a microrregião Jauru. Observa-se, no gráfico abaixo, que exatamente metade de suas microrregiões cresceram mais que o Estado de Mato Grosso.
Entretanto, como se destaca no quadro abaixo, que os 11 municípios (8% do total) mais ricos do estado detêm cerca de 51% do PIB estadual; deste modo, aos demais 130 municípios (92%) correspondem 49% do PIB de Mato Grosso.
Destaca-se, contudo, neste contexto, que é necessária a soma dos PIB"s dos 25 municípios mais pobres do estado para que consigam representar 1% do PIB estadual. Neste sentido, é importante enfatizar que em 2002 eram necessários apenas 16 municípios (06 a menos que em 2021) para que a soma de seus PIB"s representasse 1% do PIB do estado de Mato Grosso; ao mesmo tempo em que, neste mesmo ano, somados os PIB"s de 12 municípios (01 a mais que em 2021) obtinha-se, como produto, os mesmos 51% de participação no PIB estadual.
Os municípios da Região do Araguaia figuram entre os de maior crescimento de PIB do estado, concomitante ao expressivo aumento em sua produção de grãos; todavia, na Região do Araguaia também estão presentes os municípios que representam os menores PIB"s de Mato Grosso, como demonstrado abaixo.
É importante destacar que a região do Araguaia uma das atuais principais fronteiras agropecuárias do estado e mesmo do país. Anteriormente considerado o Vale dos Esquecidos, o Araguaia é hoje uma região em pleno desenvolvimento, abrigando uma crescente produção agrícola e trabalhando sua pecuária de maneira cada vez mais intensificada e sustentável.
A produção agrícola e pecuária no Estado de Mato Grosso encontra-se cada vez mais tecnificada, atendendo ainda à padrões elevados e sem precedentes mundiais de sustentabilidade. Na agricultura, o SPD – Sistema de Plantio Direto proporcionou uma verdadeira revolução sustentável no campo, agregando vida ao solo, assim como garantindo-lhe maior umidade, fertilidade e capacidade de infiltração.
Sistemas como a ILPF – Integração Lavoura – Pecuária – Floresta, propiciam não só sustentabilidade ambiental, mas ainda maiores possibilidades de receitas e empregabilidade, além de uma mais ampla e diversificada demanda por produtos e serviços que lhes sirva de acessórios e insumos, dinamizando efetivamente a economia local e mesmo regional.
O fato é que a produção agropecuária hoje, mormente no Estado de Mato Grosso, é conduzida, em grande parte das propriedades rurais, com altos índices de tecnologia em seu sistema produtivo, tanto quanto em sua capacidade de gerenciamento, cada dia mais reconhecida por sua eficácia, para fazer frente, inclusive, aos entraves políticos, econômicos, ambientais, logísticos e de competitividade que se apresentam ao setor.
Publicação especial MT Econômico (Análise do PIB de Mato Grosso), Sérgio Leal, analista de agronegócio.
Fonte: Mato Grosso Econômico